terça-feira, 22 de julho de 2014

Dicas para evitar infecções hospitalares

13% dos pacientes que passam por uma intervenção cirúrgica sofrem com esse problema, segundo dados do Ministério da Saúde. O mais agravante é que milhares de mortes seriam evitadas com procedimentos de higiene básicos, como lavar as mãos

De tempos em tempos, o tema infecção hospitalar volta às manchetes. No Brasil, uma legislação específica preventiva só foi criada com a Lei nº 9.431/97 e a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.616/98, que estabeleceram a obrigatoriedade da existência de Comissões de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH). A determinação prevê que esses grupos sejam formados por representantes dos médicos, enfermeiros e da administração hospitalar. Nas unidades de maior porte, ainda deve haver a presença de membros dos laboratórios de microbiologia e das farmácias hospitalares. Atualmente, está em discussão a necessidade de que todos os serviços de saúde apresentem um programa de prevenção e controle de infecções.

Apesar das normas vigentes, a realidade ainda está longe de ser aceitável. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em pesquisa realizada em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da USP, em 2006, de 4.148 hospitais pesquisados, somente 76% possuem CCIH. Entretanto, a vigilância das infecções hospitalares é realizada em 77% das unidades, mas somente 49% mantêm programas permanentes de controle e 33% adotam medidas de contenção de surtos. E, até hoje, não existe um mapeamento de ocorrências no país. 

O QUE OBSERVAR DURANTE A CONSULTA

Algumas medidas básicas de prevenção à infecção devem ser adotadas por todos os profissionais de saúde, desde os que manipulam medicamentos até os responsáveis pela comida. Veja o que você pode observar no ambiente hospitalar.
Os profissionais de saúde devem fazer a higienização das mãos antes e depois de qualquer procedimento, porque elas são as principais vias de microorganismos. E precisam repetir o ato ao iniciar o turno de trabalho, após ir ao banheiro, antes e depois das refeições, no preparo de alimentos, ou antes e depois da manipulação de medicamentos.

Para higienizar as mãos é preciso:

1. Lavá-las com água e sabão (líquido), que combatem bactérias de menor gravidade.
2. Secar com papel-toalha.
3. O uso de álcool gel e/ou de anti-séptico é prioritário em ambientes de internação e cirúrgicos. São obrigatórios antes do contato com o paciente, por meio de exames físicos, como medição de temperatura e depressão arterial, aplicação de massagem ou higienização corporal.
4. Antes de realizar procedimentos invasivos (como administração de medicamentos nos olhos e pelo nariz, aplicação de injeção, introdução de cateteres ou tubos endotraqueais e de equipamento utilizado na diálise ou endoscopia), o profissional deve colocar luvas descartáveis.
5. Depois do contato com o paciente, o especialista deve higienizar as mãos para evitar que sejam contaminadas e ao mesmo tempo veiculem a transmissão das bactérias do próprio paciente.
6. A utilização de luvas descartáveis e esterilizadas é indispensável no contato com sangue, líquidos corporais, mucosa e pele, e devem ser trocadas a cada mudança de ambiente e a cada paciente.
7. Não se devem tocar telefones, maçanetas e portas com as luvas.
8. A cada retirada das luvas, as mãos devem ser novamente higienizadas.

FAÇA SUA PARTE

Não visite pacientes se estiver doente (febre, tosse, coriza).
Não leve alimentos sem autorização da nutricionista ou do médico.
Não sente na cama do paciente.
Lave as mãos ao chegar ao hospital (quarto ou enfermaria) e ao ir embora.
Não toque em curativos ou na medicação do paciente.
Oriente a todos (inclusive equipe de saúde), que devem lavar as mãos antes e após tocar o paciente.
Visite apenas o familiar ou amigo, evitando entrar em outros quartos e nas enfermarias.
Ao término da visita, deixe o hospital.
Não pegue objetos do hospital nem os leve para casa.
Ao chegar em casa, tome banho antes de executar as atividades do lar.
Caso observe alguma irregularidade quanto aos procedimentos de prevenção de infecção hospitalar, contate o serviço de vigilância local municipal ou do Estado, a quem cabe a fiscalização.

RECÉM-NASCIDOS, OS MAIS VULNERÁVEIS

A infectologista Rosana Richtmann explica que o aumento de nascimentos prematuros e da longevidade resulta em um maior número de cirurgias e procedimentos invasivos, que antes eram menos indicados. “Os bebês prematuros apresentam grandes riscos de infecção, pois têm imunidade baixa, já que não tiveram tempo para adquirir os anticorpos maternos”, diz.
Segundo a especialista, a passagem dos anticorpos maternos pela placenta ocorre a partir de 28-32 semanas de idade gestacional. “Se o bebê nasceu antes disso, praticamente não tem imunidade”, afirma. Mais um fator que aumenta essa gravidade é a falta de estrutura física (espaço entre berços, pias, sabão líquido) e de estrutura humana suficiente, que é de um profissional para cada um ou dois recém-nascidos. O questionamento de Rosana é sobre quantos hospitais no Brasil possuem essa estrutura. “Quantas catástrofes precisam acontecer para que valorize fatores estruturais? O dilema dos profissionais de saúde é que de um lado queremos tratar todas as infecções para salvar nossos pacientes. Porém, o uso indiscriminado de antibióticos pode levar a uma situação crítica de resistência bacteriana”, diz. Por isso, a racionalização do uso dos antibióticos é decisiva, segundo ela.

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/dicas-para-evitar-infeccoes-hospitalares/2476/ - Texto: Sucena Shkrada Resk / Foto: Reprodução / Adaptação: Clara Ribeiro

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