quinta-feira, 3 de novembro de 2016

5 dicas da ciência para uma vida longa e saudável

Para muitas pessoas, a perspectiva de envelhecimento é assustadora e desconfortável. Mas não precisa ser assim.

Dawn Carr, professora da Universidade Estadual da Flórida, nos EUA, afirma que a pesquisa científica tem algumas dicas que podem melhorar nossas chances de ter uma vida longa e saudável.

Como gerontóloga, Carr estuda os processos biológicos, cognitivos e sociais envolvidos no envelhecimento e as formas como as sociedades constroem sistemas para acomodar a população idosa.

A especialização em gerontologia social de Carr significa que ela presta especial atenção para a ideia de “envelhecimento bem-sucedido”, ou as maneiras como as pessoas podem continuar a levar uma vida emocionalmente satisfatória à medida em que envelhecem.

Carr, que anteriormente realizou pesquisas no Centro sobre Longevidade da Universidade Stanford, nos EUA, já publicou extensivamente sobre o tema. “O que eu estou tentando entender é o que podemos fazer para manter o desempenho cognitivo e a saúde por tanto tempo quanto possível”, disse a cientista ao portal Medical Xpress.

Logo, entre as várias coisas que você pode fazer, estão:

1. Obter um diploma universitário
Não existe variável mais importante na fórmula do envelhecimento bem-sucedido do que a educação. A pesquisa tem demonstrado repetidamente o valor indispensável de experiências educacionais significativas e, especialmente, de obter um diploma universitário.
“A educação tem sido o maior preditor de resultados bons de envelhecimento”, disse Carr. “É difícil para mim imaginar que a educação não seria benéfica para a saúde e bem-estar”.

2. Comer de forma saudável
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Comer bem pode ter efeitos significativos e mensuráveis sobre o envelhecimento. É importante encontrar uma dieta saudável que funciona para o seu estilo de vida.
“Há um monte de dietas que funcionam bem, mas nenhuma envolve comer uma tonelada de fast food”, explica Carr. “É importante usar a nutrição de uma forma que não leve a resultados ruins como doenças cardíacas e diabetes, mas isso pode variar de pessoa para pessoa”.

3. Praticar exercícios físicos
Não há nenhum substituto para uma rotina de exercícios físicos consistente.
“O exercício é crucial a longo prazo”, argumenta a cientista. “Você pode começar a qualquer momento em toda a sua vida, mas é importante continuar por tanto tempo quanto possível. O exercício físico parece ser uma das poucas coisas que, para a pessoa média, mantém o desempenho cognitivo mais tarde na vida”.

4. Ficar conectado socialmente
A qualidade da conexão social é um dos indicadores mais confiáveis de bem-estar em indivíduos mais velhos. Isto é particularmente importante para homens, que tendem a ter mais dificuldade em forjar relações significativas à medida em que envelhecem.
“Conexão social é a coisa a que as pessoas provavelmente prestam menos atenção”, disse Carr. “Manter envolvimentos significativos com outras pessoas através da duração de sua vida é crucial, e os homens não são tão bons nisso, o que é um problema. Por exemplo, a pesquisa mostra que homens mais velhos que são casados tendem a se sair melhor do que aqueles que não são, por isso sabemos que há algo importante em ter ligações estreitas mais tarde na vida. Porém, é difícil ter alguém próximo mais tarde na vida se você nunca passou tempo cultivando relacionamentos significativos com os outros”.
Carr recomenda participar de grupos comunitários como forma de garantir conexões constantes à medida que envelhecemos. “Incorporar-se a organizações formais, como igrejas, programas de voluntariado ou clubes pode ser uma ótima maneira de cultivar relações”, sugere.

5. Se planejar financeiramente
Nunca é cedo demais para começar a fazer arranjos financeiros para a terceira idade. Embora as estruturas de desigualdade econômica muitas vezes tornem difícil para alguns se planejar a longo prazo, a coisa mais prudente a se fazer é considerar coisas como poupança e aposentadoria.
“Ser pobre mais tarde na vida não é bom para a sua saúde”, disse Carr. “Muitas pessoas não têm controle sobre isso, mas uma coisa que sabemos ser verdade é que, se você tem uma renda suficiente, isso é muito crítico para obter bons resultados na velhice. Há muita coisa contra você se você não tiver o dinheiro para manter o seu bem-estar ao longo do tempo”. [MedicalXpress]


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

10 dicas para ter um coração mais saudável

Bastam pequenas mudanças no dia a dia para que as chances de o seu amigo ficar doente caiam até 92%

Médicos e especialistas alertam: os três principais gatilhos para problemas no coração são o fumo, o sedentarismo e uma dieta errada. Não são coisas fáceis de deixar para trás de uma hora para outra, mas a boa notícia é que bastam pequenas mudanças, como trocar algumas coisas que se come por outras, passar a incluir certos alimentos nas refeições, sair do sofá e começar a se mexer e ingerir álcool de forma moderada para que as chances de o seu coração ficar doente caiam até 92%, revelou estudo. Confira 10 dicas para deixar o seu amigo mais saudável.

1. Saboreie um bom peixe duas vezes por semana
Peixes não são apenas boas fontes de proteína e livres das maléficas gorduras saturadas. Certos peixes, como salmão, sardinha, truta e anchova, são ricos em ômega-3, que faz um bem danado ao coração: reduz o risco de arritmias e o nível de triglicérides, desacelera o crescimento de placas (que podem provocar infarto) e diminui a pressão.
Uma porção semanal de peixe reduz o risco de ataque cardíaco em 52%. A Associação Americana para o Coração, um das mais respeitadas do mundo, recomenda o consumo de duas porções de 100g de peixe por semana.

2. Acrescente fibras à sua dieta
Quanto mais fibras se come, menor a chance de sofrer um ataque cardíaco. Se ingeridas regularmente, as fibras conseguem baixar mais os níveis do colesterol ruim do que uma dieta pobre em gorduras trans e saturadas. Comer fibras também aumenta a sensação de saciedade, portanto elas são uma excelente aliada de quem quer perder peso. Invista nos chamados alimentos integrais, ricos no nutriente, como a aveia, o arroz e o pão integral, ao invés do branco. Coma ao menos 25g por dia.

3. Comece o dia alongando e caminhe 20 minutos por dia
Alongar-se pode ser a chave para um coração saudável. Pesquisas revelaram que pessoas acima dos 40 anos com boa flexibilidade apresentaram 30% menos chance de ter as artérias endurecidas. Constatou-se que os vasos sanguíneos são afetados pela elasticidade dos músculos e dos tecidos que os circundam. Portanto, quanto mais você investir no alongamento, mais flexíveis as suas artérias ficarão e menores as chances de você ter alguma complicação cardíaca. Bastam entre 10 min e 15 min por dia, apontam os estudos.
Além disso, duas horas e meia de exercício por semana, ou seja, pouco mais de 20 min por dia, já reduzem em 30% o risco de infarto. Atividade física regular baixa a pressão, aumenta os níveis do bom colesterol (HDL), controla os níveis de açúcar no sangue e, o melhor, reduz o estresse.

4. Vá para a cama uma hora mais cedo
Ninguém gosta de ir para o trabalho cheio de olheiras porque dormiu mal. Mas agora descobriu-se que dormir pouco acarreta sérias consequências para a saúde do coração. A falta de descanso noturno promove o aumento dos níveis de cálcio nas artérias cardíacas, levando ao aparecimento de placas que podem entupir os vasos e provocar um derrame ou um infarto. Basta uma hora de sono a menos por noite para que o risco de calcificação aumente em 16%. A falta de sono também faz o corpo liberar hormônios do estresse, que comprimem as artérias e causam inflamação.
Por outro lado, ficar muito tempo na cama também não faz bem à saúde. Pesquisa recém-publicada afirma que sete horas de sono são ideais para a saúde do coração.

5. Medite
Todo mundo sabe que o estresse faz mal à saúde, especialmente ao coração. A tensão aumenta os níveis de uma série de substâncias, entre elas o cortisol, a adrenalina e a noradrenalina, que fazem o coração bater mais rápido, reduzem o diâmetro das artérias e aumentam a pressão sanguínea. A ativação dessas substâncias também acelera a formação de placas, que podem provocar um infarto. Meditar dilata os vasos sanguíneos, baixa os níveis dos hormônios do estresse e a pressão. Bastam 5 min a 10 min por dia. Feche os olhos e concentre-se na sua respiração.

6. Coma um pedacinho de chocolate amargo todo dia
Chocolate não é o melhor amigo do peso, mas basta um pedacinho pequeno todos os dias para manter a saúde do seu coração. O chocolate amargo é capaz de reduzir os processos inflamatórios que provocam doenças cardíacas. Uma pesquisa revelou que 6,7 g diários são suficientes para proporcionar esses benefícios. O chocolate, especialmente o amargo, é rico em flavonoides. A substância, responsável pelo sabor pungente do cacau, é amiga do coração. Prefira o chocolate com ao menos 70% de cacau, que contém altos teores de flavonoides.

7. Invista na banana
O potássio tem um papel fundamental na atividade do músculo cardíaco, além de ter participação no equilíbrio dos eletrólitos no corpo. Estudos já revelaram que o risco de sofrer um derrame é inversamente proporcional à ingestão do nutriente, ou seja, quanto maior o consumo, menores as chances de complicações.
Especialistas acreditam que uma dieta que contenha aproximadamente 3,5 g de potássio por dia possa diminuir o risco de derrame. E já se mostrou também que a combinação de altos níveis de potássio e baixos de sódio está associada à redução da pressão. E é aí que entra a banana. A fruta é excelente fonte de potássio: contém 400 mg do nutriente e menos de 1 mg de sódio. E o melhor, tem apenas 96 calorias.

8. Beba moderadamente
Se antes se dizia que o vinho, desde que tomado com moderação, fazia com que o coração ficasse firme e forte, hoje se sabe que, na verdade, é o álcool que traz benefícios, porque reduz a formação de coágulos e aumentar os níveis do bom colesterol. Beber moderadamente corresponde a duas doses por dia para homens e uma para mulheres. E uma dose equivale a 355 ml de cerveja, a 148 ml de vinho ou a 44 ml de destilados. De qualquer forma, o vinho também contém resveratrol, substância que ajuda a prevenir os danos causados aos vasos sanguíneos e a reduzir o colesterol ruim no sangue.

9. Fuja da fumaça do cigarro
Se você fuma, é hora de procurar um médico que o ajude a parar. Se já largou o vício ou não fuma, precisa evitar a fumaça do cigarro. O fumo passivo faz tão mal ao coração quanto o cigarro, provocando danos que são tão extensos e profundos quanto aqueles causados pela poluição do ar. Mesmo uma pequena exposição à fumaça causa um impacto tremendo à saúde. O fumo passivo aumenta as chances de doenças do coração em cerca de 30%, portanto, evite ficar em lugares fechados ao lado de fumantes.

10. Coma feijão todo dia
Se fizer isso, fornecerá ao corpo ao menos 300 microgramas de folato. Uma xícara é a quantidade mínima para reduzir em 20% os riscos e um derrame e em 13% as chances de uma doença cardíaca. Se não curte feijão, procure incluir na dieta essas alternativas: laranja, que tem 55 microgramas do nutriente; espinafre, que possui 58 microgramas; alface romana, com 62 microgramas por xícara.


Fonte: http://www.sportlife.com.br/saude/dicas-coracao-saudavel/ - Texto e Pesquisa: Vanessa de Sá | Edição: Victor Moura - Foto: iStock

Novembro Azul conscientiza homens para prevenção do câncer de próstata

No Brasil, doença é uma das principais causas de mortes entre os homens

Depois de o mês de outubro ser marcado pela campanha de mobilização para prevenção do câncer de mama, conhecida como Outubro Rosa, agora é a vez dos homens. O mês de novembro é internacionalmente dedicado às ações relacionadas ao câncer de próstata e à saúde do homem. O mês foi escolhido pois o próximo sábado (17) é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

O câncer de próstata é o sexto tipo mais comum no mundo e o de maior incidência nos homens. As taxas da manifestação da doença são cerca de seis vezes maiores nos países desenvolvidos.

Cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem em homens com mais de 65 anos. Quando diagnosticado e tratado no início, tem os riscos de mortalidade reduzidos. No Brasil, é a quarta causa de morte por câncer e corresponde a 6% do total de óbitos por este grupo.

A próstata é uma glândula que só o homem possui, localizada na parte baixa do abdômen. Situa-se logo abaixo da bexiga e à frente do reto. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Ela produz cerca de 70% do sêmen, e representa um papel fundamental na fertilidade masculina.

Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco do câncer. Especialistas recomendam pelo menos 30 minutos diários de atividade física, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar.

Homens a partir dos 50 anos devem procurar um posto de saúde para realizar exames de rotina. Os sintomas mais comuns do tumor são a dificuldade de urinar, frequência urinária alterada ou diminuição da força do jato da urina, dentre outros. Quem tem histórico familiar da doença deve avisar o médico, que indicará os exames necessários.

Exames
O toque retal é o teste mais utilizado e eficaz quando aliado ao exame de sangue PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), que pode identificar o aumento de uma proteína produzida pela próstata, o que seria um indício da doença. Para um diagnóstico final, é necessário analisar parte do tecido da glândula, obtida pela biópsia da próstata.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que todos os homens com 45 anos de idade ou mais façam um exame de próstata anualmente, o que compreende o toque retal feito e o PSA. Segundo especialistas, o toque retal é considerado indispensável e não pode ser substituído pelo exame de sangue ou por qualquer outro exame, como o ultrassom, por exemplo.

Tratamento
Caso a doença seja comprovada, o médico pode indicar radioterapia, cirurgia ou até tratamento hormonal. Para doença metastática (quando o tumor original já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento escolhido é a terapia hormonal.
A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.

Rede pública
Pesquisa mostra que homens sedentários são mais propensos a sofrer de impotência sexual
A Política Nacional de Atenção Oncológica garante o atendimento integral a todos aqueles diagnosticados com câncer, por meio das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e dos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon).
Todos os estados brasileiros têm pelo menos um hospital habilitado em oncologia, onde o paciente de câncer encontrará desde um exame até cirurgias mais complexas. Mas para ser atendido nessas unidades e centros é necessário ter um diagnóstico já confirmado de câncer por laudo de biópsia ou punção.


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Dormir pode te ajudar a ganhar músculos

Sim, você leu certo. Se anda sentindo que, por mais que se esforce, os resultados do treino nunca chegam, fazer as pazes com o travesseiro pode ser a solução. Aprenda a transformar sua cama em uma segunda academia e ganhe as curvas que tanto deseja

Você rala na academia, adota treinos cada vez mais complexos, pede ajuda para o professor e para as amigas, mas, no fim do mês, sempre se pergunta “Onde foi que errei?”. Talvez esteja negligenciando um detalhe fundamental: o sono. “Ele é tão importante quanto a alimentação. Dormir mal é como comer menos do que o necessário, o que resulta em falta de energia e, claro, muito menos vontade de treinar”, explica o médico Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas), em São Paulo. E não estamos falando apenas de dormir pouco ou nada – o que os especialistas chamam de privação –, mas também da restrição, que ocorre quando o sono não tem qualidade suficiente para reparar o corpo.“Se você dorme menos de sete horas por dia ou deixa a televisão ligada durante a noite, por exemplo, está impedindo o corpo de descansar de verdade”, afirma a médica especialista em sono Luciane Mello, do Rio de Janeiro.

Em um dia, pode ser que você não sinta os efeitos negativos, mas eles vão se acumulando até causar uma queda drástica no desempenho. Não é à toa que os jogadores do time espanhol Real Madrid contam com instalações especiais para repousar entre treinos e partidas e uma equipe que os monitora durante esse período. Ou que o tenista Roger Federer já tenha declarado que precisa de 11 a 12 horas de soneca para se sentir bem, enquanto a musa do tênis Serena Williams vai para a cama por volta das 19 horas. E vamos combinar que de boa performance eles entendem, não é mesmo?

Como o organismo funciona durante o sono

Assim que você adormece, o corpo começa a trabalhar intensamente a fim de produzir substâncias fundamentais para deixá-lo novinho em folha para o dia seguinte. Uma delas é o GH, o hormônio do crescimento, fundamental para o processo de síntese de proteínas e, consequentemente, para a construção e reparação dos músculos. Também é nesse período que a melatonina entra em cena. Basicamente, ela avisa o organismo que chegou a hora de ir para a cama e o prepara para esse momento.

Como bônus, melhora a eficiência do metabolismo e ajuda a diminuir o apetite, controlando a compulsão por comer à noite. “Um estudo recente do Instituto de Ciências da Atividade Física do Esporte da Universidade Cruzeiro do Sul, de São Paulo, descobriu que a inflamação muscular decorrente do exercício físico intenso diminui com níveis adequados de melatonina”, ressalta Ricardo Zanuto, especialista em fisiologia do exercício, de São Paulo.

Nos Estados Unidos, é comum a ingestão de suplementos com esse hormônio, porém, boa parte da comunidade médica é contra seu uso. “Não existem evidências científicas de que funcionem. Além disso, seu consumo não faz muito sentido, uma vez que a melatonina é produzida naturalmente pelo organismo”, alerta Lorenzi. A redução do cortisol, conhecido como hormônio do estresse, também está sob a responsabilidade do sono.

“Em excesso, ele quebra o tecido muscular, causando perda de massa e prejudicando todo o esforço para construí-la. Daí a importância de ter um sono reparador, que equilibra a liberação”, aponta o médico do esporte e do exercício Guilherme Corradi, de São Paulo. Outro hormônio que entra em jogo na madrugada é a leptina, responsável pela sensação de saciedade e que ajuda a controlar a gula ao longo do dia seguinte. Em suma: quanto pior for sua relação com a cama, menos músculos e mais pneuzinhos.


Fonte: http://corpoacorpo.uol.com.br/blogs/mulher-de-corpo/dormir-pode-te-ajudar-a-ganhar-musculos/10827 - Texto Ana Araujo | Adaptação Ana Paula Ferreira - Foto Shutterstock

As Olimpíadas deixaram os brasileiros menos sedentários?

Especialistas debatem se a realização de um megaevento esportivo como a Olimpíada do Rio de fato estimula a população brasileira a se tornar mais ativa

Desde que o Rio de Janeiro foi escolhido como sede da 31ª edição dos Jogos Olímpicos, em 2009, as autoridades não se cansam de discursar sobre as suas heranças positivas para a infra-estrutura, o turismo, a mobilidade urbana e a promoção de saúde. Mas será que uma competição desse porte fomenta um cotidiano mais ativo entre os cidadãos?

Bem, os números das últimas Olimpíadas sugerem que não. Apesar de ter como lema “Inspirar uma Geração”, a de Londres (2012) não alcançou seu objetivo inicial. Em 2005, quando a capital britânica foi escolhida para receber o evento, os organizadores estipularam uma meta ambiciosa: motivar 2 milhões de sedentários a se mexer ao menos 30 minutos por dia, três vezes na semana. Passados dois anos, baixaram o sarrafo para 1 milhão. E nem assim saíram vitoriosos. De 2005 a 2010, 123 mil ingleses se engajaram no projeto. No mesmo período, o número de inativos aumentou em quase 300 mil.

“Se você incentiva o esporte profissional, corre o risco de desestimular o amador”, avalia o médico Marcelo Demarzo, da Universidade Federal de São Paulo, que participou de uma pesquisa sobre o impacto da Olimpíada de Londres na taxa de atividade física da região. Segundo ele, o cidadão comum pode achar que não tem o talento nem o gás para se aventurar numa modalidade qualquer.


Os dados ingleses não são os únicos a contrariar a tese do legado olímpico. Um estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, constata que o tempo dedicado à malhação por adultos daquele país não mudou muito após os Jogos de 2000, sediados lá – passou de 295 minutos semanais em 1999 para 303 em 2000. Outro trabalho, esse da Universidade de Kent, na Inglaterra, revela que o índice de movimentação na Grécia subiu 6% um ano antes da Olimpíada de Atenas (2004). Cinco anos depois, porém, despencou para abaixo do nível de 2003. “Os atletas podem até servir como modelos. Mas um torneio, por si só, não gera mudanças de hábito”, afirma a educadora física Doralice de Souza, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), coautora do artigo Legados de Megaeventos Esportivos: Considerações a Partir de uma Perspectiva Crítica. “O chamado efeito inspiração, quando ocorre, não dura e tende a afetar quem já se exercita”, completa.

No longo prazo, essencial mesmo é ampliar a malha cicloviária, revitalizar áreas de lazer, melhorar a segurança pública, abrir academias populares, valorizar aulas de educação física… “O investimento deve ser feito de maneira permanente, e não apenas às vésperas de uma competição”, diz o educador físico Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul.

Ficar entre os dez primeiros no quadro de medalhas. Esse foi o desejo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Há quatro anos, a delegação nacional terminou em um modesto 22º lugar, com três ouros, cinco pratas e nove bronzes. E não é apenas no esporte profissional que o Brasil está longe do pódio. Segundo o Observatório Global de Atividade Física (GoPA, na sigla em inglês), 72% da nossa população se mexe com alguma regularidade, o que nos põe na 40ª colocação desse ranking.

Vídeo: tudo sobre vôlei | Saúde nas Olimpíadas

Por outro lado, não pense que ostentar um histórico olímpico dourado — sinal de investimento no esporte de alto rendimento — é sinônimo de um povo afeito a pedaladas e caminhadas. Os Estados Unidos, recordistas em medalhas, com 2 399 no total, ocupam o mísero 46º lugar na lista do GoPA. Já o Nepal, que participou de 11 Olimpíadas sem nunca subir ao pódio, é a nação mais ativa do globo, com taxa de 96%. Tanto que só 4,1% das mortes registradas lá decorrem do sedentarismo, ante 13,2% do Brasil.

Apesar dos pesares, será que a Rio 2016 encorajará os brasileiros a saírem do marasmo? Os especialistas têm suas dúvidas. O presidente do Confef, Jorge Steinhilber, lembra que, desde 2007, quando a capital fluminense sediou os Jogos Pan-Americanos, o Brasil está em evidência no cenário esportivo. De lá pra cá, recebeu a Copa das Confederações e a Copa do Mundo – e nem por isso vimos mudanças sólidas. “Às vezes, esses torneios têm um efeito contrário ao desejado. A Olimpíada pode estimular indivíduos ativos a migrarem para a frente da TV, enquanto tomam cerveja e comem pipoca”, pondera.

Demarzo traz outra preocupação: episódios extraesportivos como o surto de zika, a queda da ciclovia na orla do Rio e até o conturbado momento político contribuiriam para a sensação de que a Cidade Maravilhosa não está pronta para hospedar os Jogos Olímpicos. Aí, em vez de se engajar na competição e talvez experimentar uma modalidade, o indivíduo pode pegar ojeriza dela. Nesse sentido, uma pesquisa do Datafolha indica que metade dos entrevistados é contra o evento e 63% acreditam que ele trará mais prejuízos do que vantagens.

Vídeo: tudo sobre ginástica artística | Saúde nas Olimpíadas

Mas o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, segue otimista. Na sua opinião, os preparativos para a Olimpíada já aumentaram os níveis de atividade física no município. Ele cita o programa Academia Carioca da Saúde, que, desde sua criação, em 2009, beneficiou mais de 93 mil indivíduos. “Dos inscritos, 96% controlaram a pressão, 80% perderam peso e 17% pararam de tomar remédios”, contabiliza. Só cabe ressaltar que o projeto não foi inspirado na Olimpíada e funciona paralelamente a ela.
Infraestrutura para todos?

Terminada a Rio 2016, várias das instalações estão previstas para ser abertas ao público. Mas isso nem sempre ocorre. De acordo com o Índice dos Estádios do Mundo (2012), do pesquisador Jens Alm, do Instituto Dinamarquês de Estudos do Esporte, todo grande campeonato gera seus elefantes brancos. Ele analisou 75 arenas de 20 países erguidas entre 1996 e 2010 para sediar Copas do Mundo de futebol, Olimpíadas e por aí vai. Então concluiu que a maior parte foi abandonada ou é subutilizada. Qual a razão? Na maioria dos casos, elas almejavam satisfazer as demandas dos organizadores e não do povo.

Vamos, então, às promessas dos governantes sobre o assunto: um pedaço do Complexo Esportivo de Deodoro, o segundo maior polo de competições dos Jogos, será transformado no Parque Radical, tornando-se a segunda maior área de lazer da cidade. Já a Arena Carioca 3, que integra o Parque Olímpico da Barra, vai virar o Ginásio Olímpico Experimental, uma escola com método de ensino voltado para a prática esportiva e que possuirá capacidade para 9 500 alunos. “Não basta motivar a população a fazer atividade física. É preciso criar condições, como facilitar o acesso às instalações e disponibilizar orientação profissional”, frisa Doralice. Só assim um estilo de vida mais saudável deixará de ser mera promessa de campanha para se transformar, de fato, num legado às futuras gerações.
Inspiração para achar seu esporte

A Olimpíada do Rio teve 42 modalidades. Entre elas, Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física (Confef), indica o atletismo, a natação e o handebol para os cidadãos que querem abandonar o sofá. As três práticas não requerem tanta técnica, esforço ou preparo para começar. A educadora física Doralice de Souza, da UFPR, destaca que a opção deve dar prazer ao sujeito. Do contrário, ele irá engrossar a estatística de 60% de pessoas que desistem nos três primeiros meses.

…E campeões no dia a dia

Se a disputa é por índice de atividade física, não tem pra ninguém: o vencedor é o Nepal, com uma taxa de 96%, seguido de Moçambique (94%) e Tanzânia (93%). Juntos, os três países somam apenas quatro medalhas olímpicas. Contudo, nesses casos o alto nível de movimentação pode ser consequência da pobreza — associada a um menor acesso a carros, eletrodomésticos e outros confortos que promovem o sedentarismo.